A Lectio Divina, expressão latina que significa “leitura divina” ou “leitura orante da Palavra”, é uma prática espiritual antiga que ocupa lugar central na tradição da Igreja. Trata-se de uma forma de encontro profundo com Deus por meio da Sagrada Escritura, em que a leitura não é apenas intelectual, mas também contemplativa e transformadora.
1. Aspectos históricos da
Lectio Divina
A origem da Lectio Divina remonta aos primeiros séculos do cristianismo, fortemente inspirada no costume judaico de meditar e ruminar a Lei de Deus dia e noite (cf. Sl 1). Os Padres da Igreja viam a Escritura como alimento da alma e fonte de encontro com Cristo.
No século VI, São Bento de Núrsia, na Regra dos Monges, deu grande ênfase à leitura orante como parte essencial da vida monástica. Mais tarde, no século XII, o cartuxo Guido II sistematizou os passos da Lectio Divina, que permanecem como referência até hoje. Ao longo da história, a prática foi se difundindo não apenas em mosteiros, mas também em comunidades cristãs, tornando-se um método acessível a todos os fiéis.
2. Os passos da
Lectio Divina
Tradicionalmente, a Lectio Divina se desenvolve em quatro movimentos principais:
Lectio (Leitura): Consiste em ler atentamente o texto bíblico, deixando que as palavras ressoem no coração. Não se trata de uma leitura apressada, mas pausada e aberta, onde o texto fala por si mesmo.
Meditatio (Meditação): É o momento de refletir sobre o que foi lido. Pergunta-se: “O que este texto diz para mim hoje?”. Aqui se procura perceber a mensagem de Deus para a vida pessoal e comunitária.
Oratio (Oração): A partir da escuta e meditação, o coração se eleva em oração. A Palavra lida e refletida torna-se diálogo com Deus, expressão de agradecimento, súplica ou louvor.
Contemplatio (Contemplação): Neste estágio, a alma repousa em silêncio diante de Deus, deixando-se transformar pela Sua presença. A contemplação conduz à intimidade e à união com o Senhor.
Algumas tradições espirituais acrescentam ainda um quinto passo: Actio (Ação), que consiste em traduzir na vida concreta o que a Palavra inspirou, levando à prática da caridade e ao testemunho cristão.
3. A recomendação da Igreja
O Concílio Vaticano II, especialmente na Constituição Dei Verbum (1965), incentivou vivamente a familiaridade com a Sagrada Escritura, afirmando que “o desconhecimento das Escrituras é desconhecimento de Cristo” (DV 25).
Os Papas recentes reforçaram esse convite. Bento XVI, na exortação Verbum Domini (2010), destacou a Lectio Divina como caminho privilegiado de oração, afirmando que, se promovida de modo eficaz, “trará à Igreja uma nova primavera espiritual”. O Papa Francisco, por sua vez, tem insistido na importância de que todos os cristãos leiam diariamente o Evangelho, acolhendo a Palavra como luz para o caminho.
Assim, a Lectio Divina é hoje recomendada não apenas a religiosos e clérigos, mas a todo o povo de Deus, como um método simples e profundo de espiritualidade bíblica.
Conclusão
A Lectio Divina não é uma técnica, mas um itinerário de encontro com o Deus vivo que fala em Sua Palavra. Enraizada na tradição da Igreja, ela une leitura, meditação, oração e contemplação, conduzindo o fiel a uma vida transformada pela Escritura. Diante do apelo da Igreja, sua redescoberta é uma graça para a vida espiritual, oferecendo um caminho seguro de escuta e comunhão com Cristo, a Palavra Encarnada.
Pe. Luís Erlin, CMF
A Lectio Divina, expressão latina que significa “leitura divina” ou “leitura orante da Palavra”, é uma prática espiritual antiga que ocupa lugar central na tradição da Igreja. Trata-se de uma forma de encontro profundo com Deus por meio da Sagrada Escritura, em que a leitura não é apenas intelectual, mas também contemplativa e transformadora.
1. Aspectos históricos da
Lectio Divina
A origem da Lectio Divina remonta aos primeiros séculos do cristianismo, fortemente inspirada no costume judaico de meditar e ruminar a Lei de Deus dia e noite (cf. Sl 1). Os Padres da Igreja viam a Escritura como alimento da alma e fonte de encontro com Cristo.
No século VI, São Bento de Núrsia, na Regra dos Monges, deu grande ênfase à leitura orante como parte essencial da vida monástica. Mais tarde, no século XII, o cartuxo Guido II sistematizou os passos da Lectio Divina, que permanecem como referência até hoje. Ao longo da história, a prática foi se difundindo não apenas em mosteiros, mas também em comunidades cristãs, tornando-se um método acessível a todos os fiéis.
2. Os passos da
Lectio Divina
Tradicionalmente, a Lectio Divina se desenvolve em quatro movimentos principais:
Lectio (Leitura): Consiste em ler atentamente o texto bíblico, deixando que as palavras ressoem no coração. Não se trata de uma leitura apressada, mas pausada e aberta, onde o texto fala por si mesmo.
Meditatio (Meditação): É o momento de refletir sobre o que foi lido. Pergunta-se: “O que este texto diz para mim hoje?”. Aqui se procura perceber a mensagem de Deus para a vida pessoal e comunitária.
Oratio (Oração): A partir da escuta e meditação, o coração se eleva em oração. A Palavra lida e refletida torna-se diálogo com Deus, expressão de agradecimento, súplica ou louvor.
Contemplatio (Contemplação): Neste estágio, a alma repousa em silêncio diante de Deus, deixando-se transformar pela Sua presença. A contemplação conduz à intimidade e à união com o Senhor.
Algumas tradições espirituais acrescentam ainda um quinto passo: Actio (Ação), que consiste em traduzir na vida concreta o que a Palavra inspirou, levando à prática da caridade e ao testemunho cristão.
3. A recomendação da Igreja
O Concílio Vaticano II, especialmente na Constituição Dei Verbum (1965), incentivou vivamente a familiaridade com a Sagrada Escritura, afirmando que “o desconhecimento das Escrituras é desconhecimento de Cristo” (DV 25).
Os Papas recentes reforçaram esse convite. Bento XVI, na exortação Verbum Domini (2010), destacou a Lectio Divina como caminho privilegiado de oração, afirmando que, se promovida de modo eficaz, “trará à Igreja uma nova primavera espiritual”. O Papa Francisco, por sua vez, tem insistido na importância de que todos os cristãos leiam diariamente o Evangelho, acolhendo a Palavra como luz para o caminho.
Assim, a Lectio Divina é hoje recomendada não apenas a religiosos e clérigos, mas a todo o povo de Deus, como um método simples e profundo de espiritualidade bíblica.
Conclusão
A Lectio Divina não é uma técnica, mas um itinerário de encontro com o Deus vivo que fala em Sua Palavra. Enraizada na tradição da Igreja, ela une leitura, meditação, oração e contemplação, conduzindo o fiel a uma vida transformada pela Escritura. Diante do apelo da Igreja, sua redescoberta é uma graça para a vida espiritual, oferecendo um caminho seguro de escuta e comunhão com Cristo, a Palavra Encarnada.
Pe. Luís Erlin, CMF